quarta-feira, 13 de março de 2013

Telepatia

Telepatia
Nem sempre conversas precisam ter palavras.
Conversa de elevador é um exemplo.
A conversa de elevador é tipo a que eu tive hoje com o meu vizinho, aquele loiro, grande, usa óculos e parece bem bravo, mas é uma boa pessoa.
É uma conversa silenciosa, mas tem começo, meio e fim. A conversa de hoje foi boa.
No andar Térreo chamei o elevador, que estava na Garagem. O elevador subiu e eu abri a porta, que faz um barulho estranho ao abrir. Vi  o vizinho, nos encaramos por 4 segundos, ou apenas 1. Mas me pareceu uma eternidade.
Nós estávamos olhando um para o outro. Mas cultivar a arte dos olhares, é difícil, eu não sou bom nisso. Sua Íris (eu acho) se direcionava a mim. Mas seu rosto não. Então sua Íris se ajeitava no canto inferior do seu olho, já que eu sou mais baixo. Enquanto eu o observava pelo reflexo fraco do espelho da porta do elevador.
Numa dessas rolou umas conversas legais, do tipo:
- E ai, como vai a família?
ou então...
- Você viu que o José do 3º andar brigou com a mulher dele?
Coisas do tipo...
E tem gente que acha que telepatia é um dom mítico. Eu replico: Não é!
Você precisa daquele elevador velho e  sujo, um vizinho com quem você nunca fala e o dom dos olhares.
Pra você que está super empolgado pra saber o fim dessa conversa, aí vai:
Paramos no 2º andar, descemos, abrimos a porta e entramos nas nossas casas.
Nos despedimos, sem nem dizer "tchau".

domingo, 3 de março de 2013

Poesia ou depressão?



 Na tarde de terça-feira me veio uma imagem na cabeça. Uma simples imagem. Junto com aquela imagem me veio uma música, born unto trouble.
Pensei muito naquela cena, e resolvi escrever sobre ela, pois ela não era nada mais nada menos que um instante.
A cena foi se aprimorando até que chegou até o que ela é agora.
Bem, eu me imaginei em um deserto.  Seco, sem sons, sem cactos, só areia. Eu estava sobre uma pequena montanha de areia, ao lado de uma estrada que descia a montanha e atravessava um longo caminho, até subir novamente outra montanha. Então, a estrada terminava. O que teria além do outro lado da montanha? Nunca saberei.
O vento não soprava nesse deserto, e cada piscar soava como uma revolução, em meio a tanta monotonia.
O longo caminho que a estrada atravessava era como um vale. Nesse vale havia uma vitrola bem velha, de madeira, e a boca dela era de ferro imitando ouro, estava bem enferrujada e descascada.
A agulha que rodava o disco, de tempo em tempo fazia um barulho irritante que ecoava, junto com a música, no vale desértico.
Ao meu lado havia um cacto, o único naquele deserto. Ele não tinha nenhum espinho, pelo jeito estava morto.
Esta cena parece poética, para alguns. E para outros uma porta para a depressão. Para mim, esta cena não é nada mais nada menos do que a morte, triste, mas poético.