quinta-feira, 4 de abril de 2013

Manual dos Personagens

Para mim não existe coisa mais difícil no mundo do que criar um personagem.
O seu personagem é SEU personagem, então ele é tudo que ele tem ser. Em um livro de suspense você sempre quer um personagem principal muito extravagante, bom no que faz, profissional, etc... Existe um termo que define oque você quer que seu personagem seja: Foda.
Nem todo mundo gosta deste termo, então vamos chama-lo de "Hiro", que deve significar algo em japonês.
Mas seu personagem não pode ser inteiramente Hiro, ele tem que ter uma falha, que o atrapalha. 007 é mulherengo, Indiana Jones também, mas ele é meio atrapalhado e até o próprio Rei Leônidas era inocente demais.
Seu personagem tem que ter uma marca Hiro. Uma marca muito marcante. Marcante demais.  Se você vê um Z na parede, logo pensa: "Zorro!". Se você vê alguém com os dois braços levantados, logo pensa: "Goku!" ( apesar de as vezes você pensar : "Cheiro ruim!").
Seu personagem tem que ter personalidade. Uma mania, filosofia, fisionomia e alguma outra coisa. A diferença entre o seu personagem e o seu filho, é que o personagem é tudo que você quer. Por isso você sempre tem que pensar em coisas do dia a dia . Qual é o tipo de pão favorito de James Bond? Como Indiana Jones acorda depois de uma festa? Será que Capitão América conversa com o porteiro nas horas vagas? Como é essa conversa
Apesar de nada disso aparecer na história, você imagina algumas coisas: " James Bond parece gostar do pão bisnaguinha, porque no tal filme ele fez sei lá oquê..."
Tudo que está a nossa volta nos influencia, você só pensa nas coisas boas que te influenciam, como um lindo passarinho voando no pôr do sol nas montanhas...
Mas uma coisa como um grafite te influencia muito. Grafites são geniais, um dia desses vi a seguinte frase: "Não se Fazem Mais Saudosismos como antigamente...", genial.
Voltando ao assunto, o seu personagem tem que ter cada passo de sua vida friamente calculado. Um erro já pode causar uma onda de revolta em massa das pessoas que leram seu texto. Isso, ninguém quer. Se isso acontecer, quer dizer que a vida de seu personagem simplesmente BUGOU.
A infância de seu personagem é importante. Se ele foi um menino largado numa cabana no meio de uma floresta com apenas 9 anos, ele é muito Hino, Hino demais. Mas se ele foi um cara que teve uma infância totalmente sem graça... como já disse é SEM GRAÇA.
Com todos os passos da vida de seu personagem friamente calculados, você começa a escrever. Escreva sobre o que você quiser, mas o seu personagem TEM QUE SER PERFEITO.
Quando digo perfeito, não quero dizer que ele seja uma boa pessoa. Mas se ele for um ladrão, ele não pode ser mais ou menos ladrão, ele tem que ser CERTAMENTE ladrão. Mas até que dá para fazer uma história de um cara que perdeu o emprego, não queria contar pra família, então arrumou um emprego como motorista de ônibus e roubava nas horas vagas. Neste caso ele tem que ser CERTAMENTE um mais ou menos ladrão.
Lendo e relendo este texto, vejo que certamente eu seria um professor de português bem chato, mas os personagens dos meus alunos seriam, espero, bem Hino.

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